Um em cada três médicos sofre de Síndrome de Burnout no Brasil, de forma que é possível considerá-los os eleitos da Sìndrome de Burnout, ainda que concorram com outros profissionais da saúde . Em uma pesquisa realizada pela Medscap, constatou-se que dos quase dois mil profissionais abordados, 37% sofriam de Síndrome de Burnout, sendo 11% do total já em quadro depressivo. Sendo assim, essa é mais uma estatística que assola a classe médica em nosso país. Portanto, além das condições desfavoráveis em diversos hospitais da rede pública, esse raro profissional ainda enfrenta uma rotina muitas vezes estafante. Logo, é comum relatos de médicos que trabalham além de 12 horas diárias, incorrendo em uma alimentação inadequada e expostos a altos níveis de pressão.
Qual é a causa da Síndrome de Burnout?
A Síndrome de Burnout é uma enfermidade psiquiátrica que leva ao esgotamento físico e mental extremo, mas ainda vilipendiada por boa parte das pessoas. Portanto, aqueles que são acometidos dessa síndrome sofrem de sintomas como inadequação social, descaso com suas necessidades básicas e negação de problemas. Nesse ínterim, o profissional médico precisa constantemente tomar decisões de enorme responsabilidade, o que eleva o nível de pressão sobre sua atuação. Entretanto, essa condição é silenciosa e pode não saltar a vista do profissional, já que muitas vezes é confundida com o estresse momentâneo. É como uma névoa que paira sobre as atitudes do médico, lentamente consumindo o profissional, sendo praticamente impossível perceber o surgimento dela.
Consequências e Estágios do Burnout
Estudos sobre a interferência da Síndrome de Burnout no exercício das profissões existem desde os anos 80. Entretanto, tais estudos apontam para um aumento na incorrência de más práticas durante o exercício da profissão. Enfim, deriva disso toda sorte de processos legais e problemas ligados a reputação do médico. Devemos ainda levar em consideração pressão vivida no dia-a-dia, pois o profissional ainda tem de lidar com as implicações de uma condição que pode não perceber logo de início.
Estágios da Síndrome de Burnout
- Dedicação intensificada – com predominância da necessidade de fazer tudo sozinho e a qualquer hora do dia (imediatismo);
- Descaso com as necessidades pessoais – comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido;
- Aversão a conflitos – o portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas;
- Reinterpretação dos valores – isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da autoestima é o trabalho;
- Negação de problemas – nessa fase os outros são completamente desvalorizados, tidos como incapazes ou com desempenho abaixo do seu. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes;
- Recolhimento e aversão a reuniões (recusa à socialização; evitar o diálogo e dar prioridade aos e-mails, mensagens, recados etc);
- Despersonalização (momentos de confusão mental onde a pessoa não sente seu corpo como habitualmente. Pode se sentir flutuando ao ir ao trabalho, tem a percepção de que não controla o que diz ou que fala, não se reconhece). Mudanças evidentes de comportamento (dificuldade de aceitar certas brincadeiras com bom senso e bom humor);
- Tristeza intensa – marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido. Vazio interior e sensação de que tudo é complicado, difícil e desgastante;
- Colapso físico e mental.
- Esse estágio é considerado de emergência e a ajuda médica e psicológica se tornam uma urgência.
Concluindo, ao sinal de qualquer dos estágios correlacionados ao exercício da profissão, é imperativo que o médico procure ajuda junto a um psiquiatra. O tratamento vai desde terapia até medicamentos para o controle dessa condição.